29 de dezembro de 2008

Artigo - Política Ambiental em Volta Redonda, RJ

NETO, O MEIO AMBIENTE E O FUTURO

POR UMA NOVA POLÍTICA AMBIENTAL PARA VOLTA REDONDA

“Cada um que varra a sua porta, e, 
se o mundo não ficar limpo, ficará menos sujo.”  
Otto Lara Resende (1922-1993), escritor e cronist mineiro. 

         Dificilmente o leitor encontraria algum cidadão de Volta Redonda que não reconhecesse o esforço da administração Neto em fazer um bom governo, com as suas obras, e todo sucesso de sua ações positivas por Volta Redonda.  Mas sentado, tranqüilo, sobre os índices da aceitação popular da ultima eleição, Neto precisar rever com mais atenção esse grande desafio da área ambiental de Volta Redonda.

          Por mais que se reconheça a criação de uma nova Secretaria de Meio Ambiente da cidade e de seu titular, meu amigo pessoal Amaro  o fato é que essa secretaria  está muito longe dostatus que o tal órgão deveria ter: uma super agência ambiental mista com a participação do poder público e da iniciativa privada. Mesmo fazendo das “tripas o coração” e com todo o esforço de sua equipe Amaro pode infelizmente, nadar e morrer na praia. Não por sua culpa, mas pelo atraso e pela ineficiência da ferramenta usada para resolver o problema.

          À primeira vista, esta crítica - que, aliás, pretendo que seja altamente construtiva - poderia parecer um tanto quanto intempestiva. Mas ao analisarmos com atenção o assunto, as indagações brotam. Vejamos: que projeto real e específico existe para se dar solução ecologicamente satisfatória a toneladas de lixo, que a cidade produz todo santo dia? E o “lixão” Até que ponto ele vai continuar afetando as proximidades da área em que é depositado, inclusive contaminando a mata da cicuta com seus lençóis freáticos? Qual a política do Município para o futuro do nosso lixo, a médio e longo prazos? O que a população sabe, verdadeiramente, a respeito desse assunto ambiental específico? Podemos ter a coleta seletiva? O que é que nos garante que nossos alimentos, comercializados na cidade, não estão contaminados por agrotóxicos, pesticidas e coliformes fecais? Que controle existe por parte do poder publico sobre isto?

         Contudo, Volta Redonda não estaria mal, se seus maiores problemas se resumissem na questão do lixo. O fato assustador é que não estamos nada bem em relação a vários outros itens que concernem ao ambiente em que vivemos: até que ponto, por exemplo, a cidade domina informações reais e fidedignas sobre a poluição produzida pela CSN, em matéria de ruídos, de contaminação do ar e da água, não estaríamos vivendo uma situação de emergência ambiental e insalubridade 

       A verdade e que a CSN hoje e uma grande parceira e se politicamente bem trabalhada ajudaria muito mais ainda. . É fácil transferir o assunto para a área estadual, informando que “isso é problema da FEEMA ou do IBAMA. Não. Estadual ou federal, o problema é nosso. É assunto em que o Município, diretamente afetado, precisa intervir, conhecer e controlar as ações, mesmo que algumas execuções não sejam da alçada municipal. Nesse sentido, o que terá sido feito de concreto para se trabalhar com a CSN, numa parceria transparente, responsável, em direção à realização efetiva de novos Programas Ambiental Compensatório? Que informação real nós dispomos a respeito?

          Um outro problema é o que diz respeito ao esgoto doméstico, que passa por debaixo de centenas de quilômetros de asfalto. Para onde vai? Certamente não será em direção a uma estação de tratamento. Ele vai a grosso modo direto ao Rio Paraíba do Sul  - essa imensa e triste lixeira coletiva que atravessa Volta Redonda... Quais são as propostas efetivas do governo Neto para esse problema?

           Precisamos de novos financiamentos da área federal, Estadual e Internacional para novos projetos de preservação de nossa qualidade de vida.  Até quando nós vamos nos contentar somente com a maquiagem, que mal esconde a face pálida de uma cidade enferma?

          Em que momento a rede escolar municipal foi competentemente mobilizada em torno de um grande projeto de preservação ambiental? Cadê a participação entusiasmada das crianças e dessa juventude interessada em construir um novo mundo, que seja decentemente preservado e habitável? Esta ai um bom desafio para nossa prezada e competente Terezinha Gonçalves e para o nosso jovem vice-prefeito Nelsinho. . Certamente essas ações precisam ser motivadas, posto que os jovens são instrumentos permanentes de transformação e de pressão. A juventude nas ruas exigindo em “alto e bom som” mais qualidade de vida, é um instrumento de pressão democrática formidável. 

         Volta Redonda merece uma política ambiental séria, arrojada, madura e adequada à amplitude dos seus desafios. Uma política ambiental que corresponda plenamente à expectativa de uma população sequiosa de qualidade de vida, que não fique apenas na intenção do “outdoor”ou no plantio de umas tantas mudas, nas já batidas cerimônias do “Dia da Árvore”... Queremos – e carecemos de – uma política ambiental com um programa, com vários projetos e com uma atitude agressiva na busca de financiamentos, onde quer que eles se encontrem. Não falta dinheiro, o que falta são projetos.

  Uma política ambiental aberta, conhecida e reconhecida por todos, com a participação de todos os interessados. Uma política ambiental corajosa e sem medo. A agenda 21 é um excelente trabalho, um passo importante, e deve receber todo apoio do Prefeito Neto para sua implantação, sem correr riscos de seu esvaziamento. É um ponto positivo do governo Neto.

A crítica, construtiva, merece ser bem recebida. E a revisão de rumos, que ela pode despertar merece atenção.  Dessa forma se viabiliza um diálogo que pode ser construtivo e bom para o futuro de Volta Redonda.

         Ao escrever este artigo, deixo clara minha intenção de discutir e cooperar, com o novo governo do Neto ou com quem quer que seja, os problemas aqui levantados. Fazendo-o, quero somar esforços na busca de solução para as questões de uma área, cuja matéria julgo dominar e tenho crédito para falar abertamente. Não sou adepto do quanto pior melhor! Assim como outros cidadãos, creio ter muito a oferecer à nossa cidade. Tudo o que desejo é que as pessoas, sobre cujos ombros recaem as responsabilidades de dirigir Volta Redonda, demonstrem grandeza ao reconhecerem que não são proprietárias de todas as respostas nem de todas as verdades.

         Há muito o que se fazer, não podemos perder tempo. Não se pode deixar de lado a valiosa e indispensável cooperação da juventude, das universidades, das ONGs, dos professores, enfim, de todos que desejam viver numa cidade mais humana e mais feliz. Isto é plenamente possível se Neto entender, com a humildade do grande homem publico que ele se tornou, que a auto-suficiência e o isolamento nessas questões podem agravar o problema de forma irreversível.

          É preciso que Neto eleja a questão ambiental como uma das prioridades sérias de seu governo. Dependendo de sua vontade política, nós poderemos dar um grande destaque a Volta redonda na área ambiental, cidade símbolo da industrialização no Brasil. Queremos ter um outro tipo de reconhecimento para este novo milênio que chegou, desejamos ser a cidade símbolo da qualidade de vida e da cidadania recompensada.

          A nossa vontade sincera é que o governo Neto cada vez fique melhor e que ele se reeleja Prefeito muitas vezes, que chegue a Governador ou a Presidente, todos nós ganharíamos com isto, mas é urgente uma auto-crítica profunda, sempre é tempo de conversar e corrigir rumos. Contem comigo se precisar.

*Julio Ferreira é Biologo, ex- vereador de VR e internacional consultor em meio ambiente  e sustentabilidade nos Estados Unidos.
julioferreira2@yahoo.com

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