9 de dezembro de 2008

Tragédia no Rio Paraíba na grande imprensa

O blog 
 avisou.
Até que enfim, a notícia chegou à grande imprensa!

Em sigilo, Cedae parou captação de água poluída e diz não haver risco à população

Pelo menos 10 mil litros de veneno foram despejados por indústria no rio Guandu; houve mortandade de peixes e outros animais 

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO 

O despejo de pelo menos 10 mil litros do pesticida endossulfan em um afluente do rio Paraíba do Sul, no último dia 18, atingiu o rio Guandu, fonte que abastece 9 milhões de pessoas na região metropolitana do Rio. Em sigilo, a Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgoto) interrompeu a captação da água poluída, na esperança de que o veneno não chegasse ao rio. A medida fracassou.

O produto contaminou o Guandu, causou uma grande mortandade de peixes no rio que abastece 85% dos habitantes da região metropolitana e chegou à baía de Sepetiba (zona oeste carioca), onde deságua o canal de São Francisco, a 120 km do local do vazamento.

O Cedae não fez um comunicado formal sobre o vazamento nem sobre a interrupção da captação da água -das 20h do dia 19 às 16h do dia 20 de outubro. A companhia diz que não houve risco à população.

O Guandu é formado por cerca de 2/3 da vazão do Paraíba do Sul. A água, antes de distribuída aos consumidores, passa por processos de purificação.

O despejo do pesticida no rio Pirapetinga pela indústria química Servatis, em Resende, atingiu o Paraíba do Sul em seguida. Depois, percorreu cerca de 800 km até a foz do rio, no distrito de Atafona. No trajeto, matou peixes, tartarugas, jacarés e mamíferos que vivem às margens, como capivaras.

O trajeto no Guandu foi outro. Após a captação, o endossulfan percorreu todos os cursos d'água e reservatórios que abastecem o Rio e municípios da Baixada Fluminense.

Alertada, a Cedae monitorou no Paraíba do Sul a chegada da água contaminada ao local da transposição. Diante da gravidade do vazamento, decidiu interromper o processo.
A retomada da captação só ocorreu porque as reservas de água estavam no limite e as medições da contaminação indicavam que a carga despejada não teria, àquela altura, conseqüência ao ser humano. Com a reabertura, o veneno entrou no Guandu e matou os peixes no percurso de 22 km até o mar.

A contaminação do sistema Guandu pelo pesticida durou até domingo passado, 12 dias após o vazamento. Na ocasião, a Cedae, pela primeira vez desde o despejo, não encontrou vestígios do produto na água.

Outro lado

O diretor de Produção da Cedae, Jorge Briard, disse que a decisão de interromper a captação da água do rio Paraíba do Sul impediu a contaminação dos moradores. Em relação aos peixes, pouco poderia ter sido feito para evitar a mortandade, segundo ele. Isso porque "é muito baixa a resistência" dos pescados ao endossulfan.
A Cedae vai entrar na Justiça contra a Servatis para cobrar ressarcimento pelos gastos, ainda não calculados, para evitar a captação do pesticida.
Procurada, a Servatis disse que só falaria do assunto pessoalmente, em Resende.

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