29 de dezembro de 2008

Artigo - Política Ambiental em Volta Redonda, RJ

NETO, O MEIO AMBIENTE E O FUTURO

POR UMA NOVA POLÍTICA AMBIENTAL PARA VOLTA REDONDA

“Cada um que varra a sua porta, e, 
se o mundo não ficar limpo, ficará menos sujo.”  
Otto Lara Resende (1922-1993), escritor e cronist mineiro. 

         Dificilmente o leitor encontraria algum cidadão de Volta Redonda que não reconhecesse o esforço da administração Neto em fazer um bom governo, com as suas obras, e todo sucesso de sua ações positivas por Volta Redonda.  Mas sentado, tranqüilo, sobre os índices da aceitação popular da ultima eleição, Neto precisar rever com mais atenção esse grande desafio da área ambiental de Volta Redonda.

          Por mais que se reconheça a criação de uma nova Secretaria de Meio Ambiente da cidade e de seu titular, meu amigo pessoal Amaro  o fato é que essa secretaria  está muito longe dostatus que o tal órgão deveria ter: uma super agência ambiental mista com a participação do poder público e da iniciativa privada. Mesmo fazendo das “tripas o coração” e com todo o esforço de sua equipe Amaro pode infelizmente, nadar e morrer na praia. Não por sua culpa, mas pelo atraso e pela ineficiência da ferramenta usada para resolver o problema.

          À primeira vista, esta crítica - que, aliás, pretendo que seja altamente construtiva - poderia parecer um tanto quanto intempestiva. Mas ao analisarmos com atenção o assunto, as indagações brotam. Vejamos: que projeto real e específico existe para se dar solução ecologicamente satisfatória a toneladas de lixo, que a cidade produz todo santo dia? E o “lixão” Até que ponto ele vai continuar afetando as proximidades da área em que é depositado, inclusive contaminando a mata da cicuta com seus lençóis freáticos? Qual a política do Município para o futuro do nosso lixo, a médio e longo prazos? O que a população sabe, verdadeiramente, a respeito desse assunto ambiental específico? Podemos ter a coleta seletiva? O que é que nos garante que nossos alimentos, comercializados na cidade, não estão contaminados por agrotóxicos, pesticidas e coliformes fecais? Que controle existe por parte do poder publico sobre isto?

         Contudo, Volta Redonda não estaria mal, se seus maiores problemas se resumissem na questão do lixo. O fato assustador é que não estamos nada bem em relação a vários outros itens que concernem ao ambiente em que vivemos: até que ponto, por exemplo, a cidade domina informações reais e fidedignas sobre a poluição produzida pela CSN, em matéria de ruídos, de contaminação do ar e da água, não estaríamos vivendo uma situação de emergência ambiental e insalubridade 

       A verdade e que a CSN hoje e uma grande parceira e se politicamente bem trabalhada ajudaria muito mais ainda. . É fácil transferir o assunto para a área estadual, informando que “isso é problema da FEEMA ou do IBAMA. Não. Estadual ou federal, o problema é nosso. É assunto em que o Município, diretamente afetado, precisa intervir, conhecer e controlar as ações, mesmo que algumas execuções não sejam da alçada municipal. Nesse sentido, o que terá sido feito de concreto para se trabalhar com a CSN, numa parceria transparente, responsável, em direção à realização efetiva de novos Programas Ambiental Compensatório? Que informação real nós dispomos a respeito?

          Um outro problema é o que diz respeito ao esgoto doméstico, que passa por debaixo de centenas de quilômetros de asfalto. Para onde vai? Certamente não será em direção a uma estação de tratamento. Ele vai a grosso modo direto ao Rio Paraíba do Sul  - essa imensa e triste lixeira coletiva que atravessa Volta Redonda... Quais são as propostas efetivas do governo Neto para esse problema?

           Precisamos de novos financiamentos da área federal, Estadual e Internacional para novos projetos de preservação de nossa qualidade de vida.  Até quando nós vamos nos contentar somente com a maquiagem, que mal esconde a face pálida de uma cidade enferma?

          Em que momento a rede escolar municipal foi competentemente mobilizada em torno de um grande projeto de preservação ambiental? Cadê a participação entusiasmada das crianças e dessa juventude interessada em construir um novo mundo, que seja decentemente preservado e habitável? Esta ai um bom desafio para nossa prezada e competente Terezinha Gonçalves e para o nosso jovem vice-prefeito Nelsinho. . Certamente essas ações precisam ser motivadas, posto que os jovens são instrumentos permanentes de transformação e de pressão. A juventude nas ruas exigindo em “alto e bom som” mais qualidade de vida, é um instrumento de pressão democrática formidável. 

         Volta Redonda merece uma política ambiental séria, arrojada, madura e adequada à amplitude dos seus desafios. Uma política ambiental que corresponda plenamente à expectativa de uma população sequiosa de qualidade de vida, que não fique apenas na intenção do “outdoor”ou no plantio de umas tantas mudas, nas já batidas cerimônias do “Dia da Árvore”... Queremos – e carecemos de – uma política ambiental com um programa, com vários projetos e com uma atitude agressiva na busca de financiamentos, onde quer que eles se encontrem. Não falta dinheiro, o que falta são projetos.

  Uma política ambiental aberta, conhecida e reconhecida por todos, com a participação de todos os interessados. Uma política ambiental corajosa e sem medo. A agenda 21 é um excelente trabalho, um passo importante, e deve receber todo apoio do Prefeito Neto para sua implantação, sem correr riscos de seu esvaziamento. É um ponto positivo do governo Neto.

A crítica, construtiva, merece ser bem recebida. E a revisão de rumos, que ela pode despertar merece atenção.  Dessa forma se viabiliza um diálogo que pode ser construtivo e bom para o futuro de Volta Redonda.

         Ao escrever este artigo, deixo clara minha intenção de discutir e cooperar, com o novo governo do Neto ou com quem quer que seja, os problemas aqui levantados. Fazendo-o, quero somar esforços na busca de solução para as questões de uma área, cuja matéria julgo dominar e tenho crédito para falar abertamente. Não sou adepto do quanto pior melhor! Assim como outros cidadãos, creio ter muito a oferecer à nossa cidade. Tudo o que desejo é que as pessoas, sobre cujos ombros recaem as responsabilidades de dirigir Volta Redonda, demonstrem grandeza ao reconhecerem que não são proprietárias de todas as respostas nem de todas as verdades.

         Há muito o que se fazer, não podemos perder tempo. Não se pode deixar de lado a valiosa e indispensável cooperação da juventude, das universidades, das ONGs, dos professores, enfim, de todos que desejam viver numa cidade mais humana e mais feliz. Isto é plenamente possível se Neto entender, com a humildade do grande homem publico que ele se tornou, que a auto-suficiência e o isolamento nessas questões podem agravar o problema de forma irreversível.

          É preciso que Neto eleja a questão ambiental como uma das prioridades sérias de seu governo. Dependendo de sua vontade política, nós poderemos dar um grande destaque a Volta redonda na área ambiental, cidade símbolo da industrialização no Brasil. Queremos ter um outro tipo de reconhecimento para este novo milênio que chegou, desejamos ser a cidade símbolo da qualidade de vida e da cidadania recompensada.

          A nossa vontade sincera é que o governo Neto cada vez fique melhor e que ele se reeleja Prefeito muitas vezes, que chegue a Governador ou a Presidente, todos nós ganharíamos com isto, mas é urgente uma auto-crítica profunda, sempre é tempo de conversar e corrigir rumos. Contem comigo se precisar.

*Julio Ferreira é Biologo, ex- vereador de VR e internacional consultor em meio ambiente  e sustentabilidade nos Estados Unidos.
julioferreira2@yahoo.com

28 de dezembro de 2008

Artigo - Chico Mendes


A dor da gente saiu no jornal 
Marina Silva*

Se Chico Mendes fosse vivo, certamente estaria na internet divulgando suas idéias e pedindo apoio à causa da floresta amazônica e das populações tradicionais e extrativistas que nela vivem. Ele tinha consciência aguda do papel da mídia para o movimento social. Se mais pessoas soubessem o que acontecia lá no Acre, se tivessem oportunidade de conhecer o pensamento dos seringueiros, talvez houvesse mais apoio para evitar que o dano irreversível acontecesse, com a derrubada da floresta. 


Na época, a maior parte da imprensa de Rio Branco era muito hostil. Na maioria das vezes, Chico era tratado como intransigente inimigo do progresso, enquanto a situação real mostrava acelerada destruição ambiental e o deslocamento massivo de trabalhadores extrativistas para a periferia das cidades.

Chico procurava jornalistas que poderiam ter abertura para divulgar nosso lado, entender a resistência à motoserra, sensibilizar pessoas do Acre e de fora. Visitava redações, escrevia cartas e as levava pessoalmente. Eu achava aquilo muito constrangedor e me doía quando os jornais soltavam notinhas tripudiando.

No final de 1988 me preparava para ir a São Paulo tentar um tratamento contra a hepatite B. Antes de viajar, passei alguns dias em Xapuri, hospedada na casa do Chico, como sempre fazia quando estava lá. Ainda me emociono quando penso na nossa relação de amizade, confiança e fraternidade. Naquela casa tão pequena, de um único quarto, eu era abrigada num colchonete no chão, junto das crianças, ao lado da cama de Chico e de Ilzamar. Na maioria das vezes, na verdade, quem ia para o chão era o Chico e eu e Ilza ganhávamos o conforto da cama.

Na minha partida para Rio Branco, de onde seguiria para São Paulo, ele foi me acompanhar até a rodoviária. Fomos caminhando pela rua e puxou uma conversa triste e angustiante: "Desta vez não tem mais jeito. Acho que os cabras vão me pegar". Tentei achar uma saída: "Por que você não fala com o pessoal  lá de Rio Branco pra denunciar nos jornais?". Ele respondeu de uma tal forma que me fez perceber o quanto estava desanimado e encurralado: "Não adianta, eles dizem que estou me fazendo de vítima, que quero posar de mártir pra me promover. Tem até jornalista que faz piada". Continuamos andando num silêncio que nenhum dos dois sabia como romper. Senti que ele estava perdendo as esperanças na insistente militância para dar visibilidade ao movimento seringueiro e buscar aliados.

Fora do Acre tínhamos algum oxigênio. Os amigos ambientalistas e admiradores do Chico denunciavam, acionavam as autoridades federais, mas no estado o ambiente institucional era de violência e desmando, misturado a interesses que viam a derrubada da floresta e sua transformação em pastos e fazendas como a forma mais rápida de lucrar com a "colonização" da Amazônia.

Cheguei a São Paulo, fiquei na casa de parentes, em Ribeirão Pires. No dia 22 de dezembro de 88, fui à primeira consulta com o naturopata Adauto Vilhena e saí bem animada. Às dez da noite, o Gilson, primo de meu marido Fábio, ligou de Rio Branco: "Marina, fica calma". Eu respondi: "Mataram o Chico Mendes". Ele perguntou: "Como é que você sabe?". Desliguei o telefone porque não conseguia dizer mais nada.

Fábio e eu demoramos a conseguir dinheiro para as passagens de volta, mas ainda chegamos a tempo de assistir a missa de sétimo dia. A notícia tinha saído na primeira página do New York Times e o colunista Tom Wicker dissera que os tiros que mataram o Chico eram "disparos contra toda a humanidade". Só então a mídia brasileira despertou para a importância do fato e para o significado daquele seringueiro e de sua luta. Os telefones do PT e do sindicato não paravam de tocar. Eram jornalistas do país inteiro - além da mídia estrangeira - querendo informações sobre o Chico. Tudo se passou como um movimento especular. Só quando nos vimos refletidos no espelho do mundo desenvolvido é que reconhecemos quem nos era de enorme valor.

Se não tivesse saído no New York Times, se não tivesse chegado a Rio Branco uma comissão de parlamentares americanos liderada por Al Gore, para se solidarizar com o movimento seringueiro e a família de Chico, talvez a morte dele tivesse sido apenas mais uma no rol dos assassinatos de lideranças de movimentos sociais que eram - e continuam sendo - rotina sinistra na Amazônia. No próprio Acre, Wilson Pinheiro, a maior liderança extrativista antes de Chico, também foi assassinado. E assim como ele, Ivair Higino, Calado, Elias, e tantos outros. 

Com Chico foi diferente talvez por circunstâncias históricas, mas muito porque ele tinha um jeito único de entender o movimento. Sempre como ponte para uma aliança, sempre como forma de atrair diferentes pensamentos e experiências, desde que convergissem no essencial, nos valores. Nisso, foi além de seu tempo. De homem simples, introspectivo, pensativo, transformou-se numa referência impregnada em tudo o que aconteceu depois em termos da relação da sociedade com a proteção ambiental e do significado da Amazônia e de seus povos para o Brasil e para o mundo. 

É incrível como temos dificuldade de reconhecer nossos próprios tesouros até que alguém nos diga: "isso não é pedra, é ouro." Primeiro um olho externo vê e nós nos vemos através dele. O bom é que, 20 anos depois, parece que temos nossas próprias lentes sobre a Amazônia, o Cerrado, a Mata Atlântica e todos os nossos biomas. Respeitamos mais as populações tradicionais, temos mais convicção sobre a importância do Brasil e sabemos que somos uma potência ambiental. Não é o suficiente para revertermos distorções históricas, mas já é um bom começo. 

E Chico Mendes antecipou essa visão ao perceber que, na Amazônia, o caminho correto estava na junção da luta por uma sociedade mais justa com a defesa do meio ambiente e do uso respeitoso dos recursos naturais. Ele conseguiu viver e sintetizar dois mundos que naquela época pareciam ter pouco a ver um com o outro: o do movimento social de esquerda, focado na luta sindical pela reforma agrária, e o do ambientalismo, com sua visão global de processos ecológicos e de proteção dos ecossistemas. 

O Chico foi apropriado pela sua causa, assim como Luther King, Gandhi, Mandela o foram pelas suas. E todos tiveram em comum a capacidade de escancarar novas maneiras de ser e de agir, projetando o futuro na prática. Acredito em valores morais e universais e também que eles são objeto de descoberta tanto quanto as fórmulas científicas. Só que são descobertos em nosso coração em primeiro lugar, depois vêm para a razão. 

As pessoas que fazem a diferença no mundo são aquelas que se orientam pelo coração e por valores, não aquelas que simplesmente fazem coisas. Sem isso, ninguém suportaria trinta e tantos anos em uma cadeia, como o Mandela, e sairia de lá íntegro, pronto para retomar a sua luta. E certamente também foi por algo muito maior que Chico Mendes recusou o convite para refugiar-se nos Estados Unidos como forma de se proteger das ameaças de morte. Ele respondeu que seu lugar era "com os companheiros". 

Os assassinos de Chico Mendes pretendiam desconstituir o movimento social, dar o tiro de misericórdia na resistência dos seringueiros, acabar com as incipientes tentativas de proteger a integridade da floresta. Não deu certo. Vinte anos depois, Chico continua "com os companheiros", que carregam em si os ensinamentos e os valores do seu grande líder e os espalham por onde passam, nas suas ações, na suas vidas, nos seus sonhos. 
*Marina Silva é senadora pelo PT do Acre

23 de dezembro de 2008

RJ - Conseqüências de um Desastre Ambiental

Philip C. Scott, PhD*

Infelizmente, as instituições estatais de Saúde, Meio Ambiente, Pesca e Agricultura do Estado do Rio de Janeiro, aparentemente não estão vendo a gravidade do recente acidente ambiental ocorrido com o despejo do poderoso pesticida Endosulfan que contaminou ¾ do leito do Rio Paraíba do Sul - RPS à partir da empresa Servatis em Resende, RJ. O Endosulfan, um composto organoclorado já banido em tantos países, é classificado pela agência de proteção do meio ambiente dos EUA (U.S. EPA) como altamente tóxico (- Toxicity Category I). É um disruptor do sistema endócrino humano podendo causar toxicidade reprodutiva em humanos. Aumenta o risco de autismo, o atraso da puberdade em meninos e provoca defeitos congênitos no sistema reprodutivo humano. Isso ocorre não apenas em seres humanos, mas também com outros organismos expostos à contaminação. O estudo (http://www.ejfoundation.org/pdf/end_of_the_road.pdf) da Environmental Justice Foundation resume os desastres ocorridos com Endosulfan em vários países onde ele é ou foi vendido por diferentes companhias. O Endosulfan é conhecido por diferentes nomes incluindo Agrosulfan; Aginarosulfan; Banagesulfan; Cyclodan; Endocel; Endoson; Endonit; Endomil; Endosol; Endostar; Endodaf; Endosulfer; E-sulfan; Endorifan; Hildan; Redsun; Seosulfan; e Thiodan.

Assim como o DDT e Dieldrin, o Endosulfan é um composto organoclorado e como tal, é persistente no meio ambiente. Seu principal produto de degradação - o sulfato de endosulfan não apenas é mais persistente mas igualmente tóxico. O Endosulfan bioacumula nos seres humanos e outros animais.

Por conta dos seus resíduos no meio ambiente e a contaminação de gado através de pastos afetados por Endosulfan, a Coréia do Sul já rejeitou a carne bovina da Austrália, assim como a União Européia suspendeu suas importações da Tanzania, Uganda e Quênia no passado.

Uma pesquisa realizada em apenas 123 domicílios em Kerala na Índia, uma região afetada pela contaminação por Endosulfan, revelou 49 casos de câncer, 43 casos psiquiátricos, 23 epilépticos, 9 com abnormalidades congênitas e 23 com retardamento mental. Na mesma região 170 crianças expostas ao Endosulfan foram comparadas com 92 não expostas e encontrou-se grande diferença entre os grupos inlcuindo pobre desempenho acadêmico, elevada predominância de abnormalidades congênitas, dificuldades de aprendizado, atraso na puberdade dos meninos e alto nível de desordens menstruais nas meninas. E isso, apenas com o uso 'normal' do pesticida, ou seja pulverização aérea de plantações.

O testemunho mais contundente sobre o efeito do Endosulfan na Natureza é o de um agricultor do Benin: "Os campos fedem por dois a três dias após a aplicação pois praticamente qualquer ser vivo foi morto e tudo começa a apodrecer".

Sabendo que o Endosulfan é um produto altamente tóxico, ultrapassado, cujo emprego seguro não pode ser garantido e que é um produto químico persistente que bioacumula em organismos expostos, seria lógico que as autoridades estaduais banissem imediatamente a produção, venda e aplicação do Endosulfan bem como outros produtos agrotóxicos de natureza similar. Isso requer que o setor industrial cesse a produção e se livre com segurança de todos estoques do produto(s).

No contexto de calamidade ambiental que aflige o Norte Fluminense onde as águas do RPS sobem e invadem cidades ribeirinhas, contaminado de várias formas as fontes de águas potáveis da população e sabendo da recente contaminação do RPS por Endosulfan, é de fundamental
importância que as autoridades competentes tomem urgentes providências como alertas à população sobre os riscos e gravidade do desastre ambiental que se deflagra e inicie o quanto antes estudos de verificação da presença de pesticidas e poluentes. O efeito combinado
do despejo de Endosulfan com a subida das águas poderá incluir a contaminação de pastos ribeirinhos e efeitos a médio e longo prazo na pecuária leitera e de corte do estado. Embora o governo esteja tomando providências para indenizar pescadores artesanais, não houve ainda a proibição de pesca e venda de pescado, que ocorre, e que garante a contaminação da população. Ë um bom momento para a FIRJAN rever seu papel na Sociedade.

Não prestar atenção ou tomar providências urgentes e sérias neste episódio é garantir conseqüências trágicas e caras para o futuro da população do estado.

Para saber mais veja também: Agroecologia

* Universidade Santa Úrsula
Instituto de Ciências Biológicas e Ambientais
Rua Jornalista Orlando Dantas 59
Botafogo
22231-010 Rio de Janeiro - RJ
tel: (21) 2553-4310
http://www.laquasig.bio.br
philip@laquasig.bio.br

Artigo recebido por e-mail de:
Guilherme Souza
Diretor Técnico - Projeto Piabanha
Empreendedor Social Ashoka
R. Nilo Peçanha, 268
Centro
Itaocara - RJ
CEP:28.570-000
Tel: (22) 3861-2569 / (22) 8112-5090

www.projetopiabanha.org.br
20 de dezembro de 2008

Chuvas no estado do RJ - Medidas de Emergência

Fonte: O Globo - Rio - Plantão

Concedida liminar contra a Servatis

Irregularidades no Norte Fluminense

VENENO NO RIO PARAÍBA - Instituto de Pesca do Estado apresenta relatório

Um relatório do Instituto de Pesca do Estado aponta os estragos causados no Paraíba do Sul pelo vazamento do produto tóxico em Resende. Trinta e sete municípios dependem da pesca no rio.


Reportagem RJTV - Rede Globo

Poesia

SOBREVIVÊNCIA (DESMATAMENTO)
Autor: Edilmar Leão
(Picos - Piauí)

De uma pequena e singela semente
Transformo-me em algo majestoso e belo
Fornecendo, folhas, flores e frutos diversos
Formando uma verdadeira aquarela
Desenvolvo ramificações complexas
Firmo-me profundamente
Em busca de água e alimento
Realizo trocas benéficas
Fornecendo a matéria orgânica ao solo
Em troca de vitaminas essenciais
Respiro o ar poluído
Em troca do ar puro
Realizo a fotossíntese um dos milagres da vida
Alimento os pássaros, os animais, as abelhas, os insetos
E até mesmo os ditos seres humanos
Amenizo ate mesmo as suas dores e ate curo suas doenças
Os pássaros me dão prazer
No seu majestoso cantar ao amanhecer
Os animais me fazem sentir útil
E em troca me fazem companhia
Às abelhas forneço néctar e em troca
Elas me alegram no dia a dia
Ate os insetos me dão alegria
Formando suas enigmáticas colônias
Os seres humanos em troca me fazem cortes profundos
Das minhas artérias jorram seivas
Que me faz murchar de tristeza
Estou sem defesa, procuro de alguma forma
Restabelecer-me, mais a luta é desigual
Logo vem algo em forma de calor
Que são as famosas e destrutivas queimadas
Que a tudo destrói: plantas, pássaros, animais, abelhas, insetos
E ate mesmo o próprio ser que se diz racional
Como lutar essa luta desigual?
Parar de germinar seria o ideal?
Parar de crescer e florescer?
Não fornecer alimentos?
Parar de respirar o ar poluído?
Deixar de fornecer o ar puro?
Não realizar a essencial fotossíntese?
Quem terá as respostas?
Os pássaros?
Os animais?
As abelhas?
Os insetos?
Ou os ditos seres racionais terão
E de tão arrogantes e egoístas que são nunca dirão.


Guarulhos/SP – 21/07/2008 
E-mail: leaosantos@itelefonica.com.br
17 de dezembro de 2008

Volta Redonda terá 100% de esgoto tratado até 2010

É o que diz a nota da coluna Grampos, do Jornal aQui:

"Durante entrevista aos jornalistas, Sérgio Cabral revelou que deu a Volta Redonda um ‘presentinho’ pra lá de especial. “Já liberamos através do Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano (FECAM) o montante de R$ 30 milhões para serem investidos em tratamento de esgoto”, anunciou Cabral. Gotardo, é claro, comemorou. “Com essa verba, teremos 100% do esgoto de Volta Redonda tratado”, disse o prefeito, acrescentando que a previsão é de que até setembro de 2010 as obras de saneamento estejam concluídas. “Foi o prazo que o presidente Lula deu”, justificou."
14 de dezembro de 2008

Em Manutenção

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Agradecemos a compreensão dos leitores e recomendamos que visitem os blogs e sites nos links ao lado para se manterem atualizados!

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11 de dezembro de 2008

Ainda o ENDOSULFAN

Brasil: Vazamento de pesticida mata 80 ton de peixes no RJ

Enchentes em Santa Catarina - O perigo da leptospirose

Itajaí: 130 mil pessoas têm risco de leptospirose

Francisco de Assis
Direto de Itajaí

A Defesa Civil de Itajaí (SC) alerta para o risco de 130 mil pessoas terem se contaminado com a leptospirose durante as chuvas que atingiram o Estado. "A gente calcula que aproximadamente 130 mil pessoas tiveram um contato direto com a água. Então essas pessoas não podem vacilar", disse o coordenador Sérgio Burgonovo. "Se estiverem, com os sintomas precisam procurar rapidamente um posto de saúde. Se a leptospirose for diagnosticada no início, a probabilidade de cura é grande, mas se deixar passar é perigoso, afinal, é uma doença letal."


Leptospirose

Durante os temporais e inundações, a bactéria leptospira, presente na urina do rato, principal transmissor da doença, se espalha nas águas, invade as casas e pode contaminar, através da pele, os que entram em contato com áreas infectadas.

Muitas vezes, a leptospirose é confundida com doenças como gripe e, principalmente, hepatite.

O período de incubação é de 5 -18 dias. Na primeira semana a pessoa sente febre, cefaléia, mal-estar e prostração, dores difusas, principalmentenas panturrilhas, conjuntivas congestas, às vezes difusões hemorrágicas.

Os sintomas são muito parecidos. Apenas um especialista saberá diagnosticar e tratar o problema.

A doença atinge também animais domésticos (cães, gatos) e outros de importância econômica (bois, cavalos, porcos, cabras, ovelhas), além dos silvestres.

Tratamento

O tratamento da pessoa com leptospirose é feito fundamentalmente com hidratação. Não deve ser utilizado medicamentes para dor ou para febre que contenham ácido acetil-salicílico (AAS®, Aspirina®, Melhoral® etc.), que podem aumentar o risco de sangramentos. Os antiinflamatórios (Voltaren®Profenid® etc) também não devem ser utilizados pelo risco de efeitos colaterais, como hemorragia digestiva e reações alérgicas. Quando o diagnóstico é feito até o quarto dia de doença, devem ser empregados antibióticos (doxiciclina, penicilinas), uma vez que reduzem as chances de evolução para a forma grave. As pessoas com leptospirose sem icterícia podem ser tratadas no domicílio. As que desenvolvem meningite ou icterícia devem ser internadas. As formas graves da doença necessitam de tratamento intensivo e medidas terapêuticas como diálise peritonial para tratamento da insuficiência renal. 

Medidas de Prevenção

  • Evitar contato com águas de enchente, ou utilizar proteção como botas de borrachas em locais alagados;
  • Proibir pessoas de nadarem ou lavarem roupas em águas suspeitas de contaminação;
  • Combater roedores, proteger alimentos e água de consumo;
  • Não utilizar água de poço inundado;
  • Prevenção em locais de grupos de risco: operários que atuam em limpeza de esgoto, córregos, e demais áreas sujeitas a contaminação, como lavouras irrigadas (arroz), através do uso de botas e luvas;
  • Lavar e desinfetar a caixa de água, assim como observar a perfeita vedação da mesma.
Fontes: 


Alteração na Legislação Ambiental

Decreto que altera legislação sobre crimes ambientais está no Diário Oficial 


Brasília - Está na edição de hoje (11) do Diário Oficial da União a norma que acrescenta dispositivos à legislação que pune crimes ambientais. O texto altera o Decreto n.º 6.514 de julho deste ano.

O Decreto n.º 6.686, publicado hoje, suspende até dezembro de 2009 os embargos de ocupação irregular, mediante pedido de regularização da reserva legal. Além disso, quem fizer manejo florestal sem autorização prévia está sujeito à multa de R$ 1 mil por hectare ou fração.

VENENO NO RIO PARAÍBA - Vídeo - Retorno da Servatis


Vídeo da reportagem veiculada ontem, 10/12, na TV Rio Sul.




"A Feema liberou na quarta-feira, 10, o funcionamento parcial da indústria Servatis, em Resende. No mês passado, um vazamento de produto químico da empresa causou a mortandade de milhares de peixes no Rio Paraíba."

Na contramão

Aguaí: consumo ilimitado de água revolta moradores. Prefeito incentiva moradores, com tarifa única de R$ 12 por mês

O consumo ilimitado de água, ao preço único de R$ 12 por mês, revoltou um grupo de moradores de Aguaí. A propaganda está na entrada da cidade e a medida foi instituída pelo Sebastião Biazzo.

Para os moradores, a medida incentiva o desperdício. Eles fizeram uma carta-protesto e iniciaram um abaixo assinado. A mensagem oferecendo água à vontade foi colocada há uma semana em várias caixas d´água e pode ser vista por quem passa pela rodovia: “Aguaí com mais de um milhão de litros/hora de água limpa: Apenas R$ 12,00. Consumo à vontade, sem hidrômetro”.

“Temos de pensar na infra-estrutura da cidade e não no consumo desregrado de água, que é um bem para nós”, disse o agricultor Fernando Francisco. O gerente
Luiz Gonzaga Teixeira Júnior também está inconformado com a medida. “Se a gente não conscientizar a população que a água é um bem, meu filho, meu neto, não vai ter água”.

Como diz a mensagem espalhada na cidade, as casas não têm hidrômetro em Aguaí. Em algumas o cavalete foi instalado, mas sem o relógio para a medição.

Para o presidente do Instituto Internacional de Ecologia, José Galizia Tundise, a medida do prefeito contraria tudo o que se fala sobre preservação da qualidade e quantidade da água que deve ser usada ou consumida. O consumo desenfreado pode atingir outros municípios da Bacia do Rio Mogi Guaçu. “O município não está só. Pertence a uma bacia e compartilha a água.

Nada a declarar

O prefeito de Aguaí foi procurado pela reportagem da EPTV na prefeitura e na casa dele nesta segunda-feira (8), mas não foi encontrado para falar sobre o assunto. Por telefone, o advogado da prefeitura, Marcos Rodrigues da Silva, disse que a administração não tem nada a falar sobre o incentivo ao uso da água e sobre a falta de hidrômetros.

9 de dezembro de 2008

Jalapão - Terra Estrangeira?

Há alguns dias vem circulando por e-mail um texto que fala das gravações do programa Survivor na região do Jalapão-TO.

A seguir, uma série de reportagens da afiliada da TV Record sobre o assunto.

"Uma série de matérias realizadas pela TV JOVEM PALMAS/RECORD, mostra como a instalação da equipe de filmagens do programa SURVIVOR, no parque Estadual do Jalapão esta afetando diretamente a população local e o meio ambiente, que esta sendo gravemente devastado."



Aqui, matéria da Folha on Line.

Do blog Vivo Verde:

Tragédia no Rio Paraíba na grande imprensa

O blog 
 avisou.
Até que enfim, a notícia chegou à grande imprensa!

Em sigilo, Cedae parou captação de água poluída e diz não haver risco à população

Pelo menos 10 mil litros de veneno foram despejados por indústria no rio Guandu; houve mortandade de peixes e outros animais 

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO 

O despejo de pelo menos 10 mil litros do pesticida endossulfan em um afluente do rio Paraíba do Sul, no último dia 18, atingiu o rio Guandu, fonte que abastece 9 milhões de pessoas na região metropolitana do Rio. Em sigilo, a Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgoto) interrompeu a captação da água poluída, na esperança de que o veneno não chegasse ao rio. A medida fracassou.

O produto contaminou o Guandu, causou uma grande mortandade de peixes no rio que abastece 85% dos habitantes da região metropolitana e chegou à baía de Sepetiba (zona oeste carioca), onde deságua o canal de São Francisco, a 120 km do local do vazamento.

O Cedae não fez um comunicado formal sobre o vazamento nem sobre a interrupção da captação da água -das 20h do dia 19 às 16h do dia 20 de outubro. A companhia diz que não houve risco à população.

O Guandu é formado por cerca de 2/3 da vazão do Paraíba do Sul. A água, antes de distribuída aos consumidores, passa por processos de purificação.

O despejo do pesticida no rio Pirapetinga pela indústria química Servatis, em Resende, atingiu o Paraíba do Sul em seguida. Depois, percorreu cerca de 800 km até a foz do rio, no distrito de Atafona. No trajeto, matou peixes, tartarugas, jacarés e mamíferos que vivem às margens, como capivaras.

O trajeto no Guandu foi outro. Após a captação, o endossulfan percorreu todos os cursos d'água e reservatórios que abastecem o Rio e municípios da Baixada Fluminense.

Alertada, a Cedae monitorou no Paraíba do Sul a chegada da água contaminada ao local da transposição. Diante da gravidade do vazamento, decidiu interromper o processo.
A retomada da captação só ocorreu porque as reservas de água estavam no limite e as medições da contaminação indicavam que a carga despejada não teria, àquela altura, conseqüência ao ser humano. Com a reabertura, o veneno entrou no Guandu e matou os peixes no percurso de 22 km até o mar.

A contaminação do sistema Guandu pelo pesticida durou até domingo passado, 12 dias após o vazamento. Na ocasião, a Cedae, pela primeira vez desde o despejo, não encontrou vestígios do produto na água.

Outro lado

O diretor de Produção da Cedae, Jorge Briard, disse que a decisão de interromper a captação da água do rio Paraíba do Sul impediu a contaminação dos moradores. Em relação aos peixes, pouco poderia ter sido feito para evitar a mortandade, segundo ele. Isso porque "é muito baixa a resistência" dos pescados ao endossulfan.
A Cedae vai entrar na Justiça contra a Servatis para cobrar ressarcimento pelos gastos, ainda não calculados, para evitar a captação do pesticida.
Procurada, a Servatis disse que só falaria do assunto pessoalmente, em Resende.

Audiência Pública na visão do MEP-VR

"Foi muito válida a iniciativa dos vereadores, em especial da Dr. Neuza (Jordão, vereadora, PV).A participação representativa  da sociedade deu o tom da gravidade e seriedade da questão, que não é local é nacional. A Empresa se fez presente na audiência, porem  optou  em demover os presentes da comoção e apelou para compreensão de todos para que sua empresa e seus produtos continuem operando, a partir de alguns compromissos sócio-ambientais.

Para refletir:

O Diretor da SERVATIS (Ataulfo Teixeira de Lima)  afirmou que  a empresa é dotada de alta tecnologia, com todos parâmetros técnicos  e certificação ISO 14000 inclusive,  também  cumpre todas exigências  da FEEMA. Para o MEP (Movimento Ética na Política de Volta Redonda) ao declarar-se réu confesso  imputa à  todos a responsabilidade  do desastre.

Outra, ele fez menção a comoção popular  como se isto fosse algo simples, e  a empresa já esta buscando soluções diferentes para sanar o desastre. A  comoção que surgiu (e não terminou) porque a  população se sentiu muitas vezes indefesa dada agressividade do capital, que não tem freios éticos  para obtenção do seus  lucros. 

 

Por fim,  creio que alguns indicativos da audiência foram sinalizados  e poderão ajudar na luta pela vida, tanto que o Sindicato dos Químicos propôs um TAC para salvaguardar os empregos dos operários. O SENGE (Sindicato dos Engenheiros de Volta Redonda) fez sérios questionamentos quanto aos procedimentos operacionais, já as ONGs bateram duro na reincidência e despreparo técnico da empresa. Também se propôs uma articulação em rede para acompanhar o caso e também fazer um MAPA de risco de todas empresas da região.


O mais duro foi ouvir do preposto da empresa um certo terrorismo- ao afirmar que se parar de fabricar o  endosulfan, o País entrará em colapso total por falta de soja, café e algodão, pois  só ele combate as pragas destas culturas...é mole!?"

José Maria da Silva
MEP-VR - Movimento Ética na Política de Volta Redonda
Sede Provisória: Rua São João Batista, 23, Niterói, Volta Redonda, RJ (Salão da Igreja Santo Antônio)
E-mail: mepvoltaredonda@yahoo.com.br
Tel/Fax.: (24) 3346 0659

Links - Imprensa Local

Audiência pública sobre o derramamento de endosulfan no Rio Paraíba do Sul pela empresa Servatis:


Visita do Ministro do Meio Ambiente a Visconde de Mauá - Projeto Estrada-Parque

Composição do Conselho Consultivo do Parque Nacional do Itatiaia

8 de dezembro de 2008

VENENO NO RIO PARAÍBA - Fábrica volta a operar

Servatis volta a operar amanhã
Resende

A empresa Servatis, responsável pelo vazamento de 8 mil litros do produto químico endosulfan no Rio Paraíba do Sul, volta a funcionar amanhã, com o retorno dos 650 colaboradores.

A secretária estadual de Meio Ambiente, Marilene Ramos, disse que a liberação foi dada hoje para quase toda empresa, menos a linha do produto endosulfan que continua parada para modificações no trajeto e para conferência de análise de risco.

A empresa ficou parada por 20 dias e segundo, o Diretor Industrial da empresa, Uatual Teixeira, a perda foi de R$ 6 milhões.


Nota também no Foco Regional - Plantão

03/12/2008
Interdição da Servatis traz riscos para o meio ambiente

Parada, fábrica pode causar um acidente ambiental de proporções muito maiores que o vazamento de endosulfano

Resende

A Feema está avaliando o relatório da auditoria externa, contratada pela Servatis, com supervisão da Feema, para analisar as instalações, os processos de produção e os riscos ambientais da fábrica. O objetivo, segundo o presidente da empresa, Ulrich Meier, é permitir que a unidade volte a operar o mais rápido possível. Essa medida vai evitar o risco de um acidente ambiental de proporções muito maiores do que o acontecido no dia 18 de novembro, quando um vazamento de endosulfan causou mortandade de peixes nos rios Pirapetininga e Paraíba do Sul. O risco agora seria haver mortes de seres humanos, além de peixes. 
- Se a empresa continuar interditada, sem condições de operar, a energia pode acabar cortada por falta de pagamento, e isso vai deixar milhares de litros de produtos usados como matéria-prima sem a proteção necessária. Existe um sistema de injeção de nitrogênio nos tanques de produtos que depende de energia elétrica. Esse nitrogênio é usado para expulsar o oxigênio dos tanques e evita o risco de um incêndio de proporções catastróficas. Existe também uma estação de tratamento de efluentes que depende de um sistema elétrico de aeração para evitar que produtos perigosos cheguem à atmosfera e aos rios Pirapetininga e Paraíba do Sul – afirmou o diretor Comercial e Industrial da empresa, Uataul Teixeira. 
A empresa está interditada desde o dia 21 de novembro, por ordem da secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos. Ontem, uma reunião em andamento na Feema analisava o relatório da auditoria ambiental e, a qualquer momento, uma decisão do órgão ambiental – que foi alertado dos riscos da paralisação da fábrica – pode terminar com a interdição do estabelecimento.
No momento, o sistema de incineração de resíduos da Servatis está em funcionamento. O incinerador é o maior da América Latina, e a Feema autorizou que ele continuasse funcionando para evitar que toneladas de resíduos perigosos ficassem sem um destino seguro.

Interdição inflaciona custos do agronegócio

De acordo com Ulrich Meier, além de garantir os cerca de 650 empregos diretos e indiretos gerados para a região, o funcionamento da Servatis é importante para evitar uma alta nos custos dos alimentos. Isso porque a empresa presta serviços a importantes marcas de defensivos agrícolas, fertilizantes e outros produtos voltados para o agronegócio. 
- Em alguns casos, a falta dos serviços da Servatis fez com que os produtos até triplicassem de preço. Isso vai pressionar os custos do agronegócio e pode provocar uma alta nos preços dos alimentos – afirmou o presidente da Servatis.

Empresa tem segurança em nível internacional

Os sistemas de proteção contra acidentes ambientais da Servatis seguem padrões internacionais de qualidade, com três níveis de redundância – organização em que um sistema substitui outro, em caso de falha. A empresa tem as certificações ISO 9000 e ISO 14000.
- O acidente que provocou o vazamento de endosulfan foi causado justamente pela parte onde há menos tecnologia: um dique de contenção antigo, com uma válvula quer não deveria nem estar lá, quanto mais estar aberta. Já providenciamos a eliminação desse problema, e temos certeza de que podemos ser muito mais benéficos para o meio ambiente com a empresa funcionando do que com ela parada – concluiu Uataul.