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Em alguns dias do ano um rio com as dimensões do Amazonas atravessa os céus do Brasil. Ele nasce sobre o Atlântico próximo à linha do Equador, ganha corpo sobre a Floresta Amazônica e segue para oeste até os Andes, onde o encontro com a imponente muralha rochosa o faz desviar para o sul. Dali esse imenso volume de água flutua sobre a Bolívia, o Paraguai e os estados brasileiros de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo. Às vezes, alcança Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul antes de retornar para o oceano. Apesar de sua extensão, ninguém o vê. É que esse rio não tem margens nem peixes. É um rio metafórico – mas não inexistente – formado por uma coluna de vapor d’água com cerca de 3 quilômetros de altura, algumas centenas de quilômetros de largura e milhares de extensão. Matéria de Ricardo Zorzetto, na revista Pesquisa FAPESP, Edição 158 - Abril 2009.
Os especialistas em meteorologia e hidrologia sabiam desse rio voador – na realidade, correntes de ventos úmidos que recebem o nome técnico de jatos de baixos níveis – desde o início dos anos 1960, mas só agora começam a conhecer melhor a origem de sua água e a forma como ele interage com a superfície do planeta ou como ajuda na formação de nuvens gigantes que sobem a 15 quilômetros acima do solo.
Os primeiros dados do projeto Rios Voadores, divulgados no dia 19 de março em São Paulo, confirmam as alterações de composição que essa corrente de ventos úmidos sofre em seu longo trajeto sobre o Brasil. A maior parte do vapor d’água vem do oceano, transportada para o continente pelos ventos alíseos, que sopram de leste para oeste – uma pequena porção dessa umidade se condensa em nuvens e cai como chuva sobre a Amazônia. Mas boa parte do vapor que forma esse rio invisível vem da própria floresta. É que, ao passar sobre a maior floresta tropical do planeta, ele incorpora a água que evapora diretamente do solo e também aquela retirada pelas plantas da terra e lançadas na forma de vapor na atmosfera. Uma parte da água da Amazônia chega ao sul do país e possivelmente vira chuva.
Identificar de onde vem a água desse rio voador, um dos muitos que cortam os céus brasileiros, exigiu uma parceria pouco comum no mundo científico. Uniu pesquisadores, com conhecimento teórico sobre os fenômenos hidrológicos e atmosféricos, e um engenheiro-explorador, habituado a vivê-los em seus voos ao redor do mundo. Com patrocínio da Petrobras, Gérard Moss, o engenheiro, realizou de 2007 ao início deste ano 12 voos sobre diferentes regiões do país planejados em colaboração com equipes da Universidade de São Paulo (USP), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS).
A cada viagem, Moss, suíço naturalizado brasileiro, e seu companheiro de voos, Tiago Iatesta, coletavam a bordo de um avião monomotor amostras de vapor d’água que se condensavam em um tubo resfriado por gelo-seco. Em um desses voos, sob condições atmosféricas extremamente favoráveis, Moss acompanhou o rio voador da Amazônia até São Paulo e calculou que, em determinado trecho, a quantidade de água que fluía nessa corrente era de 3.200 metros cúbicos por segundo, mais do que a vazão do rio São Francisco. Toda a água carregada por essa corrente de ar em 24 horas equivaleria a 115 dias de consumo de São Paulo, uma metrópole com 11 milhões de habitantes.
Assinatura química - Em pouco menos de dois anos Moss e Iatesta colecionaram cerca de 500 amostras de água obtidas de 500 metros a 2 mil metros de altitude que estão sendo examinadas no Laboratório de Ecologia Isotópica da USP em Piracicaba pela equipe de Reynaldo Victoria. A análise de uma espécie de assinatura química (a proporção de átomos de hidrogênio e oxigênio radiativos) das amostras de água e a comparação dessa assinatura com a de amostras de água da chuva e de rios de todo o país permitirão aos pesquisadores conhecer como se altera a composição dessa massa de ar à medida que ela avança pelo continente. Também devem tornar clara a colaboração da umidade que evapora da Amazônia para as chuvas do Sul e do Sudeste.
“Esses dados preenchem uma lacuna importante no conhecimento dessas correntes úmidas e permitem verificar a validade dos modelos climáticos desenvolvidos para o país”, afirma Pedro Leite da Silva Dias, pesquisador do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP e diretor do LNCC, integrante do projeto.
Anos atrás grupos do IAG e do Inpe haviam participado de um estudo feito em colaboração com Bolívia, Paraguai e Argentina que mediu por meio de equipamentos lançados em balões a temperatura, a umidade, a pressão e a velocidade dessas correntes de ar úmido apelidadas de rios voadores pelo climatologista José Marengo, do Inpe (ver Pesquisa FAPESP nº 114). “Na época um avião coletou amostras de vapor de água apenas nos outros países porque não conseguimos autorização para voar no Brasil”, conta Dias.
Serão necessários anos para analisar os dados coletados mais recentes. Mas uma avaliação preliminar indica não ser nada desprezível a contribuição da Amazônia para a umidade que chega ao Sudeste e ao Sul do país. No Inpe, Demerval Moreira e Wagner Soares usaram modelos matemáticos de previsão do tempo para fazer uma estimativa de quanta água da Amazônia essas correntes de ar levam para outras regiões. Concluíram que nos dias que esse rio voador passa sobre a Amazônia – isso acontece apenas em cerca de 35 dias por ano – mais umidade chega ao Centro-oeste, ao Sudeste e ao Sul, aumentando a probabilidade de chuvas.
“Quando esses ventos passam sobre a Amazônia elevam em média em 20% a 30% a umidade do ar em Ribeirão Preto, por exemplo, aumentando o potencial de chuvas”, conta Dias. Em algumas ocasiões, esse acréscimo pode chegar a 60%. “Agora estamos tentando calcular quanto dessa umidade vinda da Amazônia de fato precipita na forma de chuva”, explica.
Moss se preocupa com o ritmo do desmatamento que observa de seu avião – e que pode modificar o clima da Amazônia, com efeitos capazes de atingir o restante do país. “A floresta funciona como um tampão: as plantas e o solo retêm água da chuva, que depois penetra no solo e fica armazenada antes de evaporar”, explica Dias. Sem a floresta, os ventos úmidos vindos do oceano que penetram no continente podem chegar mais rapidamente, em dois ou três dias, ao sul do país, aumentando o risco de tempestades. “A retirada da floresta diminuiria em 15% a 30% as chuvas na Amazônia, segundo vários modelos climáticos, e aumentaria as chuvas no Sul e na bacia do Prata”, conta Dias.
“As informações disponíveis hoje no Brasil”, afirma Eneas Salati, criador do Laboratório de Ecologia de Isótopos na USP em Piracicaba e um dos idealizadores desse projeto, “são mais do que suficientes para que se adote uma política de parar o desmatamento e iniciar o reflorestamento”.
Fonte:
Revista Pesquisa FAPESP, enviada por José Serrão para o Portal EcoDebate.
Enviado por:
Sandra Barbosa/Depto M. Ambiente/SIC
Editora da Revista EA em Açao.
Agência FAPESP – A Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo lançou, em cerimônia realizada no Centro de Referência em Educação Ambiental (Crea), em São Paulo, o livro Ecocidadão.
Com 110 páginas impressas em papel reciclado e com dezenas de ilustrações, a obra, escrita pelas técnicas da Coordenadoria de Educação Ambiental da secretaria Denise Scabin Pereira e Regina Brito Ferreira, é destinada a professores e pesquisadores das áreas de ecologia e meio ambiente.
Em linhas gerais, o livro mostra como o cidadão comum pode se mobilizar para evitar ou amenizar os problemas ambientais como o desperdício de água e energia, geração de lixo, ruídos, aquecimento global e preservação da fauna e flora.
Mostra ainda quais materiais podem ou não ser reciclados e também apresenta um glossário com termos técnicos mais utilizados por especialistas em meio ambiente.
Com tiragem de 30 mil exemplares, em um primeiro momento a publicação será distribuída para a rede oficial de ensino fundamental e médio do Estado, bibliotecas e outras instituições de ensino e pesquisa interessadas.
O livro oferece ainda uma lista com nomes de especialistas brasileiros que podem ajudar os docentes a tirar dúvidas antes de trabalhar a temática ambiental na sala de aula.
O Ecocidadão é o segundo título da série Cadernos de Educação Ambiental, iniciada pela secretaria em novembro de 2008 com a obra As águas subterrâneas do Estado de São Paulo.
Ao todo serão lançadas 19 publicações que abordarão temas como agricultura sustentável, biodiversidade, consumo e ecoturismo, a fim de serem trabalhadas em salas de aula e também servirem de suporte a pesquisadores, técnicos e ambientalistas.
As instituições de ensino e pesquisa interessadas em adquirir a obra devem encaminhar solicitação para a Coordenadoria de Educação Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente pelo e-mail cea@ambiente.sp.gov.
Mais informações: (11) 3723-2747
Minc fala em prisão para quem seguir legislação ambiental catarinense. Lei foi sancionada ontem pelo governador Fonte: Jornal de Santa Catarina |
O Tribunal de Justiça do Pará anulou o julgamento que absolveu o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da missionária Dorothy Stang.
O caso foi julgado pelos desembargadores do Tribunal de Justiça do Pará. Eles decidiram por unanimidade anular o segundo julgamento de Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, que ocorreu no ano passado. Com a decisão o fazendeiro terá que voltar para a cadeia.
O primeiro julgamento de Bida aconteceu em maio de 2007. Ele foi condenado a 30 anos de prisão, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da missionária Dorothy Stang. Como a pena foi superior a 20 anos, o réu teve direito a um novo jure, no qual foi absolvido. O Ministério Público recorreu contra o resultado alegando que a decisão dos jurados não levou em conta as provas apresentadas no processo.
“Eu pedi que o júri fosse anulado em razão de o Conselho de Sentença ter julgado contrário à prova dos autos. E os três a zero, no caso do Tribunal, representa que tínhamos razão, ou seja, havia como há provas concretas contra Vitalmiro Bastos de Moura”, explicou Edson Cardoso, promotor de Justiça.
No segundo julgamento, Vitalmiro sentou no banco dos réus com Raifran das Neves Sales. Por causa disso, o júri que condenou Raifran a 20 anos de prisão também foi anulado.
Os desembargadores analisaram que apesar de Raifran ter dito que não recebeu recompensa pela morte da freira, houve sim mandante para o crime. “Tudo que está nos autos leva a crer, como a desembargadora-relatora perguntava durante o voto, qual outro motivo ele teria para explicar o homicídio”, falou Milton Nobre, desembargador do Tribunal de Justiça do Pará.
Um novo julgamento será marcado. A defesa de Vitalmiro pedirá hábeas corpus para mantê-lo em liberdade. “O que nós vamos fazer é: aquela parte que esteja insatisfeita com a decisão usará dos recursos que a lei processual, que a Constituição federal permite, ou seja, o recurso especial ao Superior Tribunal e o recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal”, disse Eduardo Imbiriba, advogado de Vitalmiro.
Segundo o advogado, Vitalmito Moura está no município de Altamira, onde aguarda o cumprimento da ordem de prisão.
Rayfran das Neves Sales, que confessou ter atirado em Dorothy Stang, cumpre pena num presídio da região metropolitana de Belém e vai permanecer preso aguardando a data do novo julgamento.
Ambiente limpo não é o que mais se limpa e sim o que menos se suja
[Chico Xavier]